sábado, 5 de fevereiro de 2011

O antiquário

Eis que um jovem entra em um pequeno antiquário nos subúrbios de londres, o pequeno sino que soou quando abriu a porta o deixou um tanto inquieto. Uma vitrola arranhava um velho vinil, fazendo uns ruidos e, hora ou outra, tocando trechos de músicas estranhas a seus ouvidos franceses. Debruçou-se sobre o balcão e olhou em volta, um relógio cuco pendia num canto, seus ponteiros estavam parados, mas o tic tac continuava, como se o pequeno pássaro de madeira ainda tivesse esperanças de saltar de dentro do velho relógio em forma de casa... A raposa empalhada parecia fitá-lo, preparando em seu íntimo um ataque sorrateiro conta o visitante. Ele estava inquieto e encomodado com o clima pesado do local, então, no ápice de seus calafrios, a porta detrás do balcão abre-se de sopetão, e um velho senhor sorri e acena para ele, logo depois se sentando em sua cadeira de balanço. Em seus braços destacavam-se algumas queimaduras, aparentemente de cigarros, e seus olhos entreabertos olhavam esperançosamente para o possível cliente.

-Você poderia me dizer onde fica a rua Piccadilly, monsieur?

O velho homem levantou-se, se apoiando na velha bengala, e deu um tapa de leve na vitrola, que tocou o seguinte trecho de uma canção: "Witness the man who raves at the wall making the shape of his questions to Heaven"

Com isso o cuco saltou do relógio e caiu em cima do balcão.

-Acho que você está atrasado.- Disse o velho.

O homem saiu o mais rápido que pôde de tal lugar, e jura que ao abrir a porta pra sair não ouviu sino algum, mas não teve coragem de voltar seus olhos ao lugar do qual acabara de sair.

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